domingo, 21 de março de 2010

As próximas eleições directas no PSD


Tornei-me militante do PSD logo após a sua fundação - Maio de 1974. Empenhei-me activamente desde então e desempenhei, ao longo de mais de 20 anos, cargos de vária natureza no partido e nas instituições políticas do meu país, entre outros.
A minha postura sempre foi, e penso que me farão essa justiça, mesmo que de mim não gostem, de serviço e de entrega às causas em que acreditava. Ganhei muitas dores de cabeça e inimizades pela frontalidade com que sempre afirmei as minhas convicções. Compensei essas amarguras com a tranquilidade da minha consciência e o reconhecimento de muita gente de quem me tornei amigo e cuja amizade prezo e respeito.
Quando entendo que devo falar, falo. Mesmo que isso me retire a aura de senador que me devia dar hoje outra calma e distanciamento. Mas que hei-de eu fazer?...
O meu partido está hoje, novamente, num processo de escolha de uma nova liderança. E essa escolha é feita numa altura particularmente difícil da nossa História em que o país é olhado com desconfiança e descrédito pelos nossos parceiros europeus e, pior que isso, em que os portugueses não acreditam em si próprios e nas suas instituições. O PSD tem no actual contexto uma responsabilidade fundamental que é a de inverter o actual ciclo de decadência e de apodrecimento das instituições. É no PSD que o olhar de muitos portugueses hoje se concentra.
Quando o processo da nova liderança começou pensei guardar para mim as minhas próprias ideias sobre o que via. Ainda para mais porque a um dos candidatos, o Dr. Aguiar Branco, me ligam laços de profundo respeito e admiração pessoal, quer do ponto de vista profissional quer do ponto de vista político. No entanto a minha escolha é clara e tenho que a afirmar, sob pena de me sentir noutra pele que não a minha, e que me impele a dizer sempre o que penso e o que sinto. Entendo que o Dr. Paulo Rangel, além de um político preparado, é um homem que tem a "chama" que o partido precisa para conquistar os portugueses.
Sinto na candidatura do Dr. Paulo Rangel, na sua postura e no seu discurso, o meu partido virado novamente para as classes sociais que o fizeram grande e determinante para a modernização do país. Sinto que os problemas do comerciante, do agricultor, do pequeno industrial, do quadro médio do meu país, contam novamente.
O PSD só se justifica como partido interclassista, virado para os problemas concretos das pessoas. E essa característica vinha-se perdendo no meu partido, demasiado voltado para si mesmo e em menor grau para o país.
Paulo Rangel pode libertar o PSD, demasiado preso a si mesmo nos últimos anos, para fazer cumprir um pais descrente como é hoje Portugal.


Fernando Alberto Ribeiro da Silva, advogado, ex-governador civil de Braga e deputado na Assembleia Constituinte pelo PPD, no jornal Público de ontem.

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